
Porto Velho (RO) – O governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), que articula sua candidatura ao Senado em 2026 e pretende lançar a esposa, Luana Rocha, à Câmara Federal, além do irmão, Sandro Rocha, à Assembleia Legislativa, enfrenta forte desgaste dentro da própria Polícia Militar. Enquanto mantém respaldo apenas entre coronéis, a base da corporação – soldados, cabos e sargentos – acusa o governo de descumprir acordos e perseguir lideranças que reivindicam direitos.
Apoio restrito aos coronéis
Nos oito anos de gestão, Rocha não realizou concurso para ampliar o efetivo, mantendo a PM rondoniense com um dos menores números de soldados do país. Ao mesmo tempo, privilegiou oficiais de alta patente, com salários elevados e vantagens garantidas. Para lideranças da categoria, o modelo de gestão beneficia diretamente o próprio governador, coronel da reserva.
Promessas não cumpridas
Entre as principais reclamações estão:
ausência de concursos públicos para reforçar o efetivo;
descumprimento da tabela salarial aprovada em 2023;
cortes no auxílio-fardamento e na etapa alimentação;
não implementação de gratificações prometidas para policiais em atividade operacional;
atraso nas promoções de cabos e sargentos com tempo de serviço.
Protestos da categoria
Na quarta-feira (24), a Associação dos Praças e Familiares da Polícia e Bombeiro Militar de Rondônia (Assfapom) realizou manifestação no Comando da Polícia Militar. O presidente da entidade, Jesuíno Boabaid, relembrou que, em dezembro de 2023, Rocha participou de reuniões em Cacoal, Ariquemes e Porto Velho, onde teria firmado compromisso de sancionar a tabela salarial e viabilizar promoções. “Até agora, nada foi cumprido”, afirmou.
A advogada Ada Dantas destacou que o auxílio-alimentação, hoje em R$ 253, foi reduzido pelo governo em 2023 e não houve correção. “O que conquistamos com greve, o governador retirou. Não corrigiu valores e ainda reduziu benefícios”, disse.
Perseguições e inquéritos
Além do descumprimento das promessas, representantes da categoria denunciam a abertura de inquéritos contra policiais e bombeiros que participaram de protestos. Segundo as entidades, trata-se de uma tentativa de intimidação para conter manifestações.
Desgaste político
O enfraquecimento da relação com a tropa ocorre em um momento estratégico para Marcos Rocha, que busca consolidar sua base de apoio visando às eleições de 2026. A perda de respaldo entre soldados, cabos e sargentos da PM de Rondônia amplia o cenário de desgaste político e pode comprometer os planos eleitorais da família Rocha.
Fonte: Tudo Rondônia