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Porto Velho, RO -O governo de Rondônia vive um dos momentos mais tensos de sua gestão, com o governador Marcos Rocha (UNIÃO) e seu ex-chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, em rota de colisão.
O conflito, que já dura meses, ganhou novos capítulos com a exoneração de Júnior em fevereiro , as especulações sobre a sucessão estadual e as manobras políticas envolvendo o vice-governador Sérgio Gonçalves, irmão de Júnior.
A exoneração que abalou o governo
Júnior Gonçalves, considerado o "principal escudeiro" de Marcos Rocha por quase seis anos , foi exonerado em 10 de fevereiro após divergências sobre a condução do governo. Em entrevista ao podcast Resenha Política, Júnior revelou ter enfrentado "fogo amigo" constante e ataques pessoais, incluindo a disseminação de prints falsos para desacreditá-lo .
Sua saída desencadeou uma reestruturação interna, com a nomeação de Elias Rezende para a Casa Civil e a exoneração de aliados de Júnior, como a adjunta Gisele, remanejada para a Sejucel .
O jogo de poder e a candidatura ao Senado
Marcos Rocha, no segundo mandato e com ambições de concorrer ao Senado em 2026, planejava deixar o governo nas mãos de um vice de confiança. A escolha de Sérgio Gonçalves como vice, no entanto, tornou-se um problema após a queda de Júnior. O governador já declarou publicamente que "confia no vice", mas bastidores indicam que a relação está fragilizada.
Segundo a coluna do jornalista Nilton Salina, citada no programa SIC NEWS, se Sérgio permanecer no governo, Rocha desistirá do Senado — um movimento que abalaria seu projeto político. A suspeita é que deputados aliados a Sérgio estariam segurando recursos financeiros para uso futuro, estratégia similar à adotada quando Júnior comandava a Casa Civil [contexto do usuário].
A posição do vice-governador
Sérgio Gonçalves, em declaração recente, reafirmou lealdade a Rocha, mas deixou claro seu interesse em disputar o governo em 2026: "Não abro mão da minha candidatura à reeleição" . O problema é que, tecnicamente, Sérgio só pode pleitear a reeleição se assumir o cargo de governador antes — algo que depende da renúncia de Rocha.
O impasse aumentou com rumores de que o governador ofereceu a Sérgio uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RO), visto como "o melhor emprego do mundo" por seu salário vitalício [contexto do usuário]. Sérgio, porém, recusou: "Não quero saber de Tribunal de Contas" [contexto do usuário].
Análise de Everton Leoni: O risco de um governo paralisado
Em análise exclusiva para o SIC NEWS, Everton Leoni destacou que a crise expõe três pontos críticos:
Falta de alinhamento: A saída de Júnior desestabilizou a articulação política, essencial para aprovação de projetos .
Conflito de interesses: A ambição de Sérgio em ser governador colide com o plano de Rocha para o Senado, gerando desconfiança mútua.
Impacto na gestão: Enquanto o foco está na guerra política, temas urgentes — como as queimadas, que consumiram 18 milhões de hectares em 2024 — podem ficar em segundo plano .
Leoni também questionou: "Se Rocha não confia no vice que escolheu, como garantir governabilidade até 2026?". A resposta pode estar nas próximas semanas, com a definição de se Sérgio permanecerá no governo ou será 'convidado' a sair.
O que esperar?
Enquanto Rocha nega tensões públicas, a exoneração de Júnior e as manobras financeiras revelam um governo em frangalhos. Para Leoni, "o projeto do Senado de Rocha depende de um sucessor alinhado. Se Sérgio insistir em ficar, o governador pode abandonar a corrida e concentrar-se em controlar o legado — ou arriscar-se a deixar o estado em caos político".
A população, porém, cobra resultados: em 2024, Rondônia registrou prejuízos de R$ 48 milhões em multas ambientais e enfrentou fechamento de aeroportos devido às queimadas . Enquanto o Palácio Rio Madeira se divide, o desafio é evitar que a crise política consuma os avanços em áreas críticas.
Fonte: O Observador