No desespero, Lula pode ficar mais dependente de Lira para controlar CPMI

Planalto cogitava apoiar até mesmo André Fufuca (PP-MA) para presidência ou relatoria da comissão, candidado do presidente da Câmara

Planalto sendo invadido por golpistas em 8 de janeiro. Foto: Marcelo Camargo/ ABr


Porto Velho, RO
- O Palácio Planalto de Lula (PT) fará de tudo para evitar o risco de ver um adversário na relatoria da CPMI do 8 de Janeiro – e também na presidência da comissão parlamentar de inquérito. Costurando proteção, o governo de Lula cogitava até mesmo apoiar André Fufuca (PP-MA), líder do PP e candidato do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como informa a coluna do jornalista Cláudio Humberto desta sexta-feira, 28. Mas este comunicou ainda ontem que desistiu de concorrer porque a função exigiria “dedicação exclusiva”.

O deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) é outro cotado para presidir colegiado, também ligados a Lira – porém, ele é oposição ao governo petista.

A CPMI do 8 de janeiro foi criada na quarta-feira, 26, pelo presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), após mais de dois meses de pressões.

Focada em investigar os ataques às sedes dos Três Poderes por manifestantes contrários à eleição de Lula, o colegiado terá 32 integrantes: 16 deputados e 16 senadores. A disputa por espaço é intensa e foi iniciada antes mesmo da criação efetiva, reproduzindo a polarização entre apoiadores do presidente Lula e os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula ficará mais dependente de Lira porque tem ainda dificuldades na Câmara para compor uma base aliada consistente. O que preocuparia qualquer início de governo ao enfrentar uma comissão parlamentar de inquérito. Além disso, ainda não garantiu a maioria de votos dentro do colegiado (calcula como aliados cerca de 20 dos 32 integrantes), e nem sabe se terá parlamentares apoiadores – ou ao menos “neutros” – nos principais cargos: a presidência e a relatoria da CPI.

Além da disputa entre PT e PL na composição da CPI, há também aos cargos de presidente e de relator. O embate coloca de frente dois antigos rivais políticos: o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

O PP de Lira, pressionava até então pela indicação de Fufuca para a relatoria da comissão e argumenta que a preferência deve ser da Câmara dos Deputados, a despeito do regimento interno.

Já a base de Lula fala em reescalar o time da CPI da Covid do Senado e colocar em um dos cargos-chave ex-integrantes da comissão, como Renan — relator da CPI da pandemia e que já demonstrou interesse em participar como relator agora da CPMI do 8 de janeiro. O senador mais cogitado para substituí-lo é Eduardo Braga(MDB-AM), mas este prefere ocupar a presidência.

Outra preocupação do Planalto é evitar que justamente parlamentares que apoiaram os ataques de 8 de janeiro ocupem cargos estratégicos. O PT inclusive estuda ir à Justiça para barrar a participação do deputado federal André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento e um dos investigados pelo STF sobre responsabilidade no protesto.

Por ser um colegiado misto, se faz necessário um acordo entre as duas Casas para compositão da comissão. O procedimento para definir os postos maiores da comissão são: líderes partidários nomeiam membros da CPMI para votarem quem será o presidente e, então, o presidente nomea o relator.

Veja a expectativa de disposição às vagas na Câmara dos Deputados:

Bloco MDB, PSD, Republicanos e Podemos: 4 cadeiras

Federação PT, PCdoB e PV: 2 cadeiras

Federação PSOL-Rede: 1 cadeira

PL: 3 cadeiras

*1 vaga em rodízio a confirmar

Veja a expectativa de disposição às vagas no Senado Federal:


Bloco Democracia (MDB, União Brasil, PDT, PSDB e Podemos): 6 cadeiras

Bloco Resistência Democrática (PT, PSD, PSB e Rede): 6 cadeiras

Bloco Vanguarda (PL e Novo): 2 cadeiras

Bloco Aliança (PP e Republicanos): 2 cadeiras

Nomes cotados:

PT na Câmara: Lindbergh Farias (RJ) e Rogério Correia (MG)

PT no Senado: Fabiano Contarato (ES) e Rogério Carvalho (SP)

PL na Câmara: Eduardo Bolsonaro (SP), André Fernandes (CE) e Alexandre Ramagem (RJ)

PL no Senado: Magno Malta (ES) e Carlos Portinho (RJ)

Fonte:Diário do Poder.
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