
Por Alexandre Garcia
Esta terça-feira é dia de discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU. Fará seu discurso sob a sombra das medidas anunciadas na segunda-feira: a empresa holding da família Moraes foi atingida pela Lei Magnitsky, e perderam o visto mais um ministro do governo (o advogado-geral da União, Jorge Messias) e um grupo formado, em geral, por juízes e auxiliares de Moraes, além de Benedito Gonçalves, ministro do Superior Tribunal de Justiça que ficou famoso com aquele cochicho no ouvido de Moraes, o “missão dada, missão cumprida”. Depois da fala de Lula, será a vez do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Será um dia interessante.
Motta acha que anistia e defesa do Legislativo são “pautas tóxicas”
Na segunda-feira o presidente da Câmara, Hugo Motta, apareceu com mais uma: “É preciso tirar essas pautas tóxicas, porque ninguém aguenta mais essa discussão”, ele disse. O que são as “pautas tóxicas”? Seriam os projetos criticados nas manifestações – que estavam mais para show musical, porque havia mais artista que político – da esquerda no último domingo? Parece que sim. Motta quer esconder a anistia e esconder o amor próprio do Congresso, expresso por essa reação de blindagem em relação ao Supremo, porque ele disse que na próxima semana a pauta será a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Ou seja, o resto vai para baixo do tapete. As grandes discussões nacionais sobre a independência do Congresso, a força do Congresso, a militância e o ativismo do Supremo, inclusive fazendo e alterando leis e a Constituição, tudo isso que promove a imensa polarização nacional, Motta quer passar para baixo do tapete. Mas isso vai acumulando e um dia explode, como explodiu o 8 de janeiro. Isso é óbvio. Motta tinha uma fama de político jovem, mas muito astuto e conhecedor dos meandros da Câmara, e agora está cometendo um grave erro estratégico. Não sei até onde ele pretende levar isso.
Programa de Jimmy Kimmel está de volta após suspensão
Nesta terça-feira o programa de Jimmy Kimmel volta à ABC, que é uma das três grandes redes de televisão nacional dos Estados Unidos. A ABC suspendeu a suspensão. Kimmel havia feito piadas sobre a morte do Charlie Kirk, mais ou menos como o Peninha, e foi suspenso. Agora, quem passou vergonha nesse episódio foi o ex-presidente Barack Obama, que acusou Trump de ser responsável pela suspensão. Mas a porta-voz da Casa Branca entrou nas redes sociais e desmentiu: “Eu estava com o presidente Trump na Inglaterra. Estávamos naquela beleza do Palácio de Windsor, quando eu recebi a notícia da suspensão e a levei ao presidente. O presidente quase não acreditou, foi surpreendido. Não sabia de nada, não tinha a menor ideia”. Mas ele certamente achou justa a suspensão, porque não se faz piada com a morte, com o assassinato dos outros.
Trump, então, não teve nada a ver com isso. E a porta-voz, sem citar Obama, disse ainda: “Um ex-presidente andou dizendo isso e não é verdade. Fica ruim quando uma pessoa que é ou já foi presidente provoca a opinião pública com frases a respeito de fatos que não são verdadeiros”. Aqui, no Brasil, já estamos acostumados com isso – aliás, é uma pena que já tenhamos nos acostumado com isso, achando que é rotina, em vez de achar escandaloso.