Promiscuidade e megalomania

Promiscuidade e megalomania

Evento de Gilmar Mendes que ficou conhecido como Gilmarpalooza é realizado em Lisboa. (Foto: Carlos Moura/STF)

Porto Velho, RO - Gosto do poder de síntese, e quando é possível usar apenas uma palavra para resumir um fenômeno ou evento, melhor ainda. O "Gilmarpalooza" em Lisboa, com quase 90% dos palestrantes brasileiros, muitos com interesses conflitantes e até causas no próprio STF, pode ser resumido em uma só palavra: promiscuidade. É a cara de nossa elite oligárquica, que perdeu qualquer pudor.

O ministro Barroso protagonizou, uma vez mais, um papel totalmente descabido para presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele mais parecia um ministro do governo Lula, saindo em defesa do seu "legado". Condenando uma "onda de negatividade", em que ninguém enxerga nada bom, Barroso pôs-se a apresentar outro quadro, um tanto imaginário:

Aumentou o PIB? Temos uma crise fiscal. Subimos cinco casas no IDH? Temos uma crise fiscal. Estamos na menor taxa de desemprego da história? Temos uma crise fiscal. Temos a população hoje, mais da metade, de classe média? Temos uma crise fiscal. Temos uma crise fiscal, é preciso cuidar dela, mas é preciso não fechar os olhos para as coisas boas que acontecem.

Se o STF censurar todos os críticos e dissidentes, todos aqueles que ainda ousam não enxergar esses ministros como deuses do Olimpo democrático, haverá tremenda paz. Se todas as plataformas se transformarem numa espécie de redação da Globo News, tudo será mais suave para os ministros

Imaginem isso no governo Bolsonaro, que realmente fez coisas boas, mas era demonizado pela mesma patota! O advogado Jeffrey Chiquini desabafou: "É um ministro do STF ou do Lula? Se eu não soubesse quem é, jurava que era porta-voz do governo". O Procurador Marcelo Rocha Monteiro foi na mesma linha: "Vocês já viram algum juiz da Suprema Corte dos EUA fazer o papel de 'relações públicas' do presidente do país? Rapaz! A que ponto chegou o Brasil do consórcio PT-STF!".

Ao ponto do escárnio total, da perda de qualquer vergonha na cara. Agem como um consórcio em campanha, tentando tapar o sol com a peneira e fingir que o desgoverno não vem, uma vez mais, destruindo nosso país. E pior: Lula resolveu judicializar a derrota do IOF alegando, sem papas na língua, que não dá para governar sem o Judiciário. Ou seja, está tudo às claras, mas alguns "jornalistas" ainda não conseguem ver.

Barroso, que está em Lisboa para o Gilmarpalooza, além de promíscuo politicamente, foi também megalomaníaco, como de praxe. Nós temos que ter orgulho de nosso processo eleitoral, "o melhor do mundo", e pelo visto de nossa regulação das plataformas. "STF fez a melhor arrumação do mundo sobre Big Techs", afirmou nosso Pavão Supremo. Ele disse que foi uma decisão mais "liberal" do que o modelo europeu, enquanto Gilmar Mendes, admirador do modelo chinês, citou a "volta da civilidade" na esfera pública digital.

Se o STF censurar todos os críticos e dissidentes, todos aqueles que ainda ousam não enxergar esses ministros como deuses do Olimpo democrático, haverá tremenda paz. Se todas as plataformas se transformarem numa espécie de redação da Globo News, tudo será mais suave para os ministros.

Como acontece na China, aliás. Xi Jinping conseguiu a sonhada "paz" por meio da opressão. É o sonho declarado de nossos ministros. O "Gilmarpalooza" serve como palco para essa promiscuidade e essa magalomania. Aos 213 milhões de tiranetes do andar de baixo, cabe apenas calar a boca e trabalhar para pagar mais impostos, inclusive o IOF...

Fonte Por Rodrigo Constantino
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