PRODUÇÃO NORDESTINA Tomate híbrido pode gerar oportunidades para setor produtivo no Nordeste

PRODUÇÃO NORDESTINA Tomate híbrido pode gerar oportunidades para setor produtivo no Nordeste

Projeto é desenvolvido pela Embrapa a partir de parcerias com produtores de Alagoas

Porto Velho, RO - O BRS Sena, primeiro tomate rasteiro híbrido desenvolvido no Brasil, tem mostrado potencial para produção no Nordeste. A partir de experimentos conduzidos pela Embrapa em Alagoas desde 2020 vêm apresentando resultados promissores para posicionamento do produto em diferentes nichos de mercado.Leia as últimas notícias sobre agricultura no site do Canal Rural

No primeiro plantio realizado no município de Coruripe, no litoral de Alagoas, a colheita foi de 70 toneladas por hectare (t/ha). A produtividade superou a média estadual, registrada como 56 t/ha, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com uma coloração vermelha intensa, boa consistência e viscosidade de polpa, o BRS Sena tem sabor diferenciado e elevado grau brix, contendo equilíbrio entre doçura e acidez, o que agrada aos consumidores e também à indústria de processamento. O desafio é o cultivo do tomate híbrido em regiões de clima quente e úmido, como é o caso da Zona da Mata alagoana, onde são feitos os experimentos.

“Estamos apenas começando” — Flávia Teixeira


A planta, que foi originalmente adaptada para climas amenos, tem uma amplitude térmica ideal de 10 a 30 graus Celsius. Na região nordestina testada, as temperaturas variam de 25 a 35 graus. Nesse ambiente, as plantas são submetidas a condições fisiológicas extremas. “Por isso, ninguém acreditava que seria possível produzir lá”, conta a analista Flávia Teixeira, engenheira agrônoma da Embrapa Hortaliças, que atua na Embrapa Alimentos e Territórios.

“É o início de um processo; estamos apenas começando”, argumenta Flávia, responsável por apoiar o desenvolvimento da horticultura no Nordeste. A região não tem tradição na produção de algumas hortaliças, em razão do calor intenso e do excesso de umidade, que propiciam a ocorrência de doenças e dificultam a produção.

Plantio-piloto do tomate híbrido

Os trabalhos de campo são realizados pela Embrapa em Alagoas há três anos. As atividades incluem cultivos de cenoura, pimenta e alho, por exemplo. O tomate, contudo, é o que tem chamado mais a atenção de produtores pelo seu potencial de agregação de valor.

De acordo com Klecio Santos, presidente da Cooperativa Pindorama, empresa que apoiou um plantio-piloto, a parceria com a Embrapa tende a gerar boas oportunidades para os agricultores da região. Nesse sentido, ele acredita que a ação permitirá ampliar o leque de produção local.

“Quanto mais produtos de qualidade no mercado, maior será a geração de emprego e renda” — Klecio Santos

“A tecnologia implementada pelo órgão tem feito com que o homem do campo vença as adversidades e alcance novas conquistas”, conta o executivo da Cooperativa Pindorama. “Quanto mais produtos de qualidade no mercado, maior será a geração de emprego e renda, e o brasileiro terá uma alimentação mais segura, saudável e nutritiva”, complementa Santos.

Para o plantio-piloto do tomate híbrido em Alagoas, a Embrapa cedeu as sementes e forneceu a assistência técnica para a condução da área. Além disso, os técnicos da empresa foram responsáveis pelas recomendações para o cultivo. Em contrapartida, as parceiras envolvidas no projeto arcaram com os custos de produção e foram responsáveis pelos tratos culturais e colheita.

Os experimentos têm três diferentes focos, ao menos até o momento:Processamento industrial;
Mercado de mesa;
E produção em estufas para o consumo em nichos de mercado.

Além dos testes realizados na Cooperativa Pindorama, em Coruripe, outros dois experimentos estão sendo conduzidos nos municípios de Barra de Santo Antônio e Marechal Deodoro, ambos também em Alagoas. Assim como no primeiro caso, os trabalhos ocorrem em parceria com produtores locais.
Abrasel apoia a iniciativa da Embrapa


Foto: Pixabay

Conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Alagoas, André Generoso apoia a iniciativa liderada pela Embrapa. “Compreendi que, para se criar uma variedade como o BRS Sena, existe um grande número de pesquisadores que somam seus conhecimentos para gerar um produto de excelente qualidade”, comentou.

“Sua cor, firmeza e brix alto, sem falar da sanidade em campo que o híbrido demonstra, tornam esse produto viável para nossa cozinha”, observou Generoso. Dessa forma, ele externou que o tomate híbrido que vem sendo plantado em Alagoas é digno de elogios — e de ser distribuído em restaurantes do estado nordestino.

“Uma espécie diferenciada para produção de molhos e que nos surpreendeu muito positivamente” — Carolina Carnaúba

Na opinião da produtora Carolina Carnaúba, “sendo Alagoas um polo turístico e gastronômico que ‘importa’ mais de 80% do tomate que consome, produzir o tomate Sena com o apoio da Embrapa fez sentido desde o princípio para nós”. “Trata-se de uma espécie diferenciada para produção de molhos e que nos surpreendeu muito positivamente, tanto que estamos ampliando a produção”, avalia.

A região em que o tomate híbrido está sendo testado tem um mercado consumidor com grande potencial. De acordo com Flávia Teixeira, isso se dá especialmente pela vocação turística associada à cultura alimentar. Alagoas é importador de hortaliças produzidas em outras unidades federativas, como Bahia, Pernambuco e Distrito Federal.

Com os primeiros resultados favoráveis, a engenheira agrônoma da Embrapa acredita que os experimentos conseguirão atrair mais parceiros do setor produtivo. Nesse sentido, a ideia é formalizar novas parcerias para a avaliação de outras variedades com características diferenciadas, impulsionando a produção de hortaliças em todo o Nordeste.

“A parceria entre a Embrapa Alimentos e Territórios e a Embrapa Hortaliças está sendo muito benéfica para Alagoas e para a região Nordeste”, disse o chefe-geral da unidade sediada em Maceió, João Flávio Veloso. “Certamente outras inovações virão, e quem ganha com isso são os produtores e os consumidores de alimentos.”


Fonte: Por Canal Rural
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