Alunos conferem de perto história sobre o folclore, arte e arqueologia em visita ao Palácio Museu da Memória Rondoniense

Alunos conferem de perto história sobre o folclore, arte e arqueologia em visita ao Palácio Museu da Memória Rondoniense

Alunos se concentram em frente aos símbolos indígenas e de seringueiros expostos no Mero

Porto Velho, RO - Cerca de cem alunos de três escolas de Porto Velho participam desde quarta-feira (23) da programação de visitas guiadas que marcam a reabertura do Palácio Museu da Memória Rondoniense (Mero).

A iniciativa é organizada pela Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer) e Universidade Federal de Rondônia (Unir) que também inclui um tour por outros pontos turísticos da Capital. O museu fica localizado no Palácio Presidente Vargas, antiga sede do Governo de Rondônia, na Rua D. Pedro II.


A professora de História Sônia Ribeiro acompanhou os alunos

Antes de chegar ao museu, os alunos passaram pela Catedral do Sagrado Coração de Jesus, uma das edificações religiosas mais antigas da cidade; visitaram também a Biblioteca Municipal Francisco Meireles; a Praça das 3 Caixas d’água construída por ingleses no século passado; além de duas lojas maçônicas: União e a Perseverança e Verdade.

“São visitas que revelam o patrimônio, a memória e a identidade do povo portovelhense”, disse a professora Sônia Ribeiro, do Departamento de História da Unir.


Gestora do museu, Liliane Sayonara demonstra obras em exposição


Na quarta-feira, alunos do 7º ano da Escola de Ensino Médio e Fundamental Hélio Neves Botelho (Bairro Caladinho) abriram a temporada de retorno às visitas guiadas. Nesta quinta-feira foi a vez dos alunos do 5º ano da Escola Padre Chiquinho (Bairro Areal), e na sexta-feira, farão a visita os alunos do 3º ano da Escola Daniel Neri da Silva (Bairro JK II).

Para a professora Sônia Ribeiro, do Departamento de História da Universidade Federal de Rondônia “essa oportunidade tem mão dupla. De um lado atende à carência das escolas em mostrar a identidade de Porto Velho, do outro, mobiliza estagiários na plenitude do aprendizado. Dezesseis deles estão presentes nesse evento”, explica a professora.


João Guilherme visita pela primeira vez o Museu da Memoria Rondoniense

A primeira grande abordagem das turmas traz de volta o tradicional Arraial Flor do Maracujá. A maioria das crianças nascidas em Porto Velho ainda não sentiu a sensação de pertencimento, notaram os estagiários. As explicações fluem diante de olhares atentos e surpresos.

“Que lindo, estou gostando de tudo! É a primeira vez que eu entro aqui; nós já fomos ali na biblioteca e na praça”, alegrou-se João Guilherme de Souza de dez anos de idade, estudante da Escola Padre Chiquinho.

DESCOBERTAS

Minutos depois das explicações dos estagiários, João “descobria” a Rondônia indígena falada em salas de aula desde o ensino fundamental. O Flor do Maracujá, que reuniu apenas 2 mil pessoas em sua primeira edição (1982), alcançou um público de duzentas mil pessoas (2019) e já é considerado patrimônio imaterial do Estado. Por essa razão parte do seu acervo esteve à disposição das escolas nesses três dias de visita.

“O Museu está em obra, mas recebeu os visitantes em atendimento a atividade do estágio supervisionado do departamento de história da unir. Mostramos curiosidades e manuseamos materiais relacionados ao tradicional arraial, incluindo os cartazes das diversas apresentações de bois-bumbás desde 1982 até 2008”, disse a gestora do Mero, Liliane Sayonara.


Visitantes confeccionam com a técnica da xilogravura, peças relacionadas ao Arraial Flor do Maracujá

“Um boi de papelão!”, exclamou a aluna Maria José, de 11 anos ao se deparar com o boi confeccionado com esse material e coberto com pano preto. Os monitores da visita explicaram a realidade antiga da cidade, quando em diversos quintais os brincantes faziam boizinhos com caixas de mercadorias que vinham em embarcações e eram descartadas.

Ao lado da exposição de fotos do arraial feitas em 1984 por Ricardo Ioshinori Maebara, e de páginas originais de jornais portovelhenses, Liliane justificou o reconhecimento da cultura popular: “Ele vai ao encontro da cultura escolar, porque tem muito da raiz desse folclore, e precisa ser mais conhecido”, complementa.

CULTURA RAIZ


Do acervo arqueológico aos povos indígenas, os estudantes viram dezenas de peças desconhecidas, ou das quais apenas “ouviram falar” em conversas a respeito da vida ribeirinha ou na floresta. Se no folclore existe uma história narrando a vida e o sacrifício do boi, o papel do pajé e a alegria contagiante de dançarinos e suas vestes, outra que atrai curiosidade é a dos seringueiros e seus instrumentos de trabalho – o copo de coleta da seiva da seringa, faca e a poronga, por exemplo, que fica exposta numa redoma de vidro.

Sorridentes, os estudantes aproveitaram para tirar fotos durante a confecção de uma lamparina de papelão, imitando a que os trabalhadores usavam na cabeça durante o período da noite.

RITA QUEIROZ E ARY PINHEIRO

Segundo Liliane Sayonara, o valor imensurável desse conhecimento remonta às obras da artista plástica Rita Queiroz, nascida no Seringal Santa Catarina, no Rio Madeira, e às peças doadas do seu acervo particular ainda nos anos 1960 pelo médico e bacharel em ciências naturais Ary Tupinambá Pena Pinheiro.

No encerramento da visita, divididos em grupos, os estudantes estouraram balões plásticos, dos quais saíram perguntas a respeito do funcionamento do arraial Flor do Maracujá, além disso fizeram também diversas xilogravuras (gravura feita com uma matriz de madeira, mas que para atividade, o material foi substituído por isopor).

Nesta sexta-feira (25), as atividades serão interativas. Os alunos responderão às perguntas no Quizz (jogo de questionários que tem como objetivo avaliar conhecimentos sobre determinado assunto), informou a gestora.

CAFÉ NO MUSEU

Também nesta sexta-feira, esta prevista para acontecer a tradicional live Café no Museu, com mediação de Liliane Sayonara. A programação mostrará nas redes sociais do Mero uma conversa com a ex-diretora do museu e mestre em paleontologia Ednair Nascimento, a respeito do vasto acervo à disposição da história e da ciência da Amazônia Ocidental Brasileira, do País e do Mundo.

Atualmente, o Mero conta com catorze servidores, dos quais, sete estagiários distribuídos nas áreas de: artes, arqueologia, biblioteconomia, biologia, pedagogia e história.

Fonte: O Observador
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